quarta-feira, 16 de abril de 2008

A tendinite patelar, também conhecida como joelho do saltador, geralmente acomete atletas com atividades que requerem a extensão súbita do joelho, como corrida, salto e chutes, levando a microtraumas no tendão patelar(1,2,3), geralmente na região do pólo inferior da patela.
Estudos histológicos, em espécimens removidos de cirurgia, demonstram a presença de degeneração mucóide e necrose fibrinóide, bem como a associação dos processos inflamatório e reparativo(4).
O primeiro sintoma da tendinite patelar é a dor após a prática esportiva, que tende a desaparecer com o repouso. Com a progressão do processo, ela surge no início da atividade física, desaparecendo após a continuação do exercício e reaparecendo no repouso(1). Nos casos mais graves pode haver incapacidade total do mecanismo extensor do joelho e até ruptura do tendão patelar(4).
O diagnóstico da tendinite patelar é basicamente clínico, caracterizando-se por dor à palpação do pólo inferior da patela e do tendão adjacente ou dor durante a extensão forçada do joelho, podendo-se observar, em alguns casos, edema localizado e nódulo doloroso na região(1,5,6).
As radiografias, cintilografia, ultra-som e tomografia computadorizada auxiliam no diagnóstico, porém, atualmente, a ressonância magnética é o exame de escolha, por possuir melhor definição, possibilitando a localização exata e objetiva da lesão tendinosa(4).
O tratamento da tendinite patelar é, inicialmente, conservador, com afastamento da atividade física, repouso, antiinflamatórios não hormonais e exercícios fisioterápicos – como alongamentos musculares e fortalecimento excêntrico do quadríceps(2,7,8).
As formas mais graves da doença, que não respondem ao tratamento conservador e que possuem áreas de degeneração tendinosa, devem ser tratadas cirurgicamente(2,3,8).
O objetivo deste trabalho é demonstrar o resultado do tratamento cirúrgico da tendinite patelar em pacientes submetidos previamente ao tratamento conservador por longo prazo, sem alívio da sintomatologia dolorosa.
MATERIAL E MÉTODOS Foram incluídos no presente estudo seis pacientes, to-dos do sexo masculino, submetidos a tratamento cirúrgico da tendinite patelar no Hospital Madre Teresa e Hospital Biocor de Belo Horizonte. Eram cinco joelhos esquerdos, não dominantes (83,3%), e um direito (16,7%). Um paciente apresentava acometimento bilateral, tendo sido submetido a tratamento cirúrgico à esquerda, que era o lado mais sintomático.
A idade variou de 28 a 50 anos, com média de 39 anos. Todos os pacientes apresentavam dor anterior no joelho, na região do pólo inferior da patela, e haviam sido submetidos ao tratamento conservador sem melhora do quadro álgico. O tempo médio de evolução da doença, entre o início dos sintomas e o tratamento cirúrgico, foi de 23 meses, variando de 12 a 60 meses. Dois pacientes tinham sido submetidos, previamente, a infiltração com corticosteróides no pólo inferior da patela, sem melhora definitiva da dor.
Três pacientes fizeram exame ultra-sonográfico e três realizaram ressonância nuclear magnética como método diagnóstico complementar (figura 1). Em um deles, a radiografia demonstrou pequena calcificação intratendinosa (figura 2).
Em todos os casos, a cirurgia constou de uma incisão longitudinal infrapatelar, na linha mediana, com abertura do peritendão e ressecção de um fragmento ósseo do pólo inferior da patela e do fragmento central degenerado do tendão, em forma de “V”, não interferindo com sua inserção distal(9) (figura 3).
No pós-operatório, os pacientes foram estimulados a mobilizar precocemente o joelho operado e iniciaram pro-grama fisioterápico, que constou de ultra-som, crioterapia e TENS (transelectrical nerve stimulation) e exercícios de alongamento da musculatura da coxa e fortalecimento do quadríceps (exercícios excêntricos em cadeia fechada). O apoio foi liberado no primeiro dia de pós-operatório, de acordo com a tolerância do paciente. O retorno ao esporte só foi permitido após seis meses. Quatro pacientes praticavam futebol, um, judô e um, peteca.
O método de avaliação utilizado foi o de Verheyden et (6), que considerou, na parte subjetiva, o retorno do paciente ao esporte no mesmo nível de atividade, sua satisfação com a cirurgia e se ele se submeteria ao procedimento novamente. Na parte objetiva observou-se a presença de dor à palpação no pólo inferior da patela, o teste de apreensão, a amplitude de movimentos, a presença de atrofia muscular, com mensuração do diâmetro da coxa a 10 e 20cm da interlinha medial. Foram considerados os seguin-tes grupos:
1) Muito bom: os pacientes que não tinham dor ou limitação de suas atividades diárias e esportivas, atrofia muscular ou dor à palpação do pólo inferior da patela, além de apresentarem o teste de apreensão negativo. Quando perguntados, os pacientes relatavam que fariam a cirurgia novamente.
2) Bom: os pacientes que apresentavam dor de leve a moderada durante as atividades físicas, sem, porém, haver necessidade de interrompê-las, dor leve à palpação do pólo inferior ou das facetas da patela e atrofia muscular menor que 2cm. Quando perguntados, relatavam que fariam a cirurgia novamente.
3) Mau: os pacientes relatavam dor de moderada a alta intensidade após longos períodos sentados e durante a prática de esportes, limitação das atividades, dor no pólo inferior ou nas facetas da patela, grande atrofia de quadríceps (maior do que 2cm). Os pacientes relatavam que não fariam a cirurgia novamente.
O tempo máximo de seguimento pós-operatório foi de 84 meses e o mínimo, de 24 meses, com média de 41 meses.
Todos os pacientes foram avaliados pelo mesmo examinador.
RESULTADOS Três pacientes (50%) apresentaram resultado muito bom e três (50%) tiveram resultado bom. Não foi observado nenhum mau resultado.
Os três pacientes, com resultado bom, estavam satisfeitos com a cirurgia e não apresentavam dor no pólo inferior ou nas facetas da patela. A única alteração encontrada foi uma atrofia do músculo quadríceps de até 2cm, a 20cm da interlinha medial.
Todos os pacientes retornaram ao esporte no mesmo nível de atividade anterior à patologia, com a exceção de um deles, por apresentar sintomas no joelho contralateral, estando selecionado para o tratamento cirúrgico no futuro. Três pacientes (50%) tinham queixa de desconforto ao ajoelhar sobre a cicatriz.
Os resultados foram agrupados em um quadro comparativo (tabela 1).

Nenhum comentário: